Casa de Mário Cravo
CAPOEIRA ANGOLA
Rio Vermelho, 1955
Rua Garibaldi (hoje Av. Anita Garibaldi) 556, Rio Vermelho, Salvador
Galeria de texto e fotos
M Waldemar, 1955
O texto
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a página acima
-O Cruzeiro, 10 de dezembro de 1955
"Tamunderê, cumo tá, cumo tá,
Tamunderê, cumo tá vosmicê"A CAPOEIRA DE ANGOLA
Texto e fotos de JOÃO MARTINS
A "CAPOEIRA" foi trazida da África para a Bahia pelos negros de Angola escravizados. O nome dessa luta original, na qual a cabeça e os pés são mais usados do que as mãos, tem uma origem tão interessante como ela própria. O caso é que êsse meio de defesa e ataque dos escravos, contra o qual os colonizadores se viam inferiorizados, foi terminantemente proibido. Os negros fugidos, entretanto, se escondiam nas capoeiras de mato e ali se defendiam dos que perseguiam ou atacavam os viajantes. Daí batizaram êsses elementos de "capoeiras", denominação que acabou caracterizando a luta própriamente dita. Outra coisa interessante é que os escravos, para praticarem o seu esporte, trataram de camuflá-lo à maneira de uma dança, ao som do berimbau, do caxixi, do reco-reco e do pandeiro. E assim a "capoeira" foi passando de geração a geração até os nossos dias, quando constitui o que se pode chamar de verdadeira luta típica brasileira. Uma luta aliás de alta eficiência, que deveria ser melhor difundida, como atualmente se está fazendo com o jiu-jitsu e com o box. Na Bahia é onde se encontram os maiores mestres dessa tradição, como Valdemar, Onça Preta, Reginaldo, etc., além do famoso Mestre Bimba que, entretanto, introduziu na "capoeira" golpes de luta livre e de jiu-jitsu, formando o que êle chama de "luta regional baiana", pelo que é criticado e combatido pelos que praticam a pura e antiga luta de Angola.