• Casablanca*, Rio de Janeiro
     ACONTECE QUE SOU BAIANO 
    18 de set - fim de out, 1953

    Informação

    M Waldemar, 1990: «No Rio de Janeiro [em 1953] eu estava no hotel quando Dorival Caymmi me chamou pra eu cantar na rádio Tupy**, pra eu tirar uma cantiga elogiando o Rio. Eu sentado na cama, os meus alunos estavam dormindo, eu estudei e no dia seguinte eu cantei uma ladainha bonita.»

    No Programa Nacional da Capoeira, 1990

    M Waldemar, 1987: «Eu fui primeiro mestre que fosse ao Rio de Janeiro em 1953. Não foi Bimba, não foi Pastinha, não foi ninguém, fui eu que foi primeiro que sou criado mestre Waldemar Rodrigues da Paixão.

    Estive três meses na Casa Branca [Casablanca], cheguei empregado do esse chamado Carlos Machado, lá no Rio. Eu cantei na Tupi, uma ladainha que pediram que eu estudasse, uma ladainha na ultima hora. Eu cheguei, estudei, cantei, tinha uma cantiga bonita, elogiando o Rio de Janeiro.»

    M Negoativo: «E o senhor ainda lembra dessa cantiga pra cantar pra gente?»
    M Waldemar: «Lembro sim. Deixa uma molhada..»
    M Negoativo: «Seu copo, mestre.»
    M Waldemar: «Ai eu tirei essa cantiga pra dar o.. a mostrar Dorival Caymmi, que eu cantava, no cultur-show dele. Ele chegou e disse: «Waldemar, você estuda uma cantiga, uma ladainha boa aí da capoeira pra elogiar o Rio de Janeiro.» Eu cheguei e disse:

    Iê!
    Eu tava na Casa Branca
    Eu tava na Casa Branca, oh meu bem
    Sem pensar, sem imaginar
    Quando tive um convite, oh iaiá
    Pra ir cantar na Tupi
    Quando cheguei na Tupi
    Com toda satisfação
    Me botaram no salão
    Que eu cantar a capoeira
    Na radiotelevisão
    Radiotelevisão
    É uma razão orgulhosa
    Aqui no Rio de Janeiro
    Cidade maravilhosa

    .. e ele doido. Três berimbaus chorando, eu levei doze capoeiristas, todos criados por mim.»

    * boate Casablanca, hoje Círculo Militar da Praia Vermelha, Rio de Janeiro
    ** TV Tupi nasceu no Rio em 1951

    Entrevista a M Negoativo em 1987

    A seção começa às 5:29


    Antiga Casablanca, RJ

    Circuto Militar, antiga Casablanca, em Rio de Janeiro


    Imagens

    • Cartaz do show de D. Caymmi

    • Jornal Ultima Hora 7 de Setembro de 1953

      "ACONTECE QUE SOU BAIANO"

      Grandes preparativos no Casablanca para o próximo "show". Carlos Machado não descansa. Anda de um lado para outro, cuida disso, cuida daquilo. Caimmy, Angela Maria, Teresinha, Austregesilo e Paulo Maurício (o "Castro Alves" cinematográfico) aparecem como as figuras principais do espetáculo.

      Desejando dar maior autenticidade ao espetáculo, Carlos Machado contratou na Bahia seis figuras da "capoeira" (três "birimbaus" e três "capoeiras"). Os seis representantes do folguedo devem chegar hoje, em um dos aviões da carreira.

      "Acontece que sou baiano", com "script" de Antônio Maria, deverá estrear no próximo dia 18, com uma "avant-première" de benefício.

    • Jornal Diario Carioca 8 de Setembro de 1953

      Mais uma explosão atomica!
      CARLOS MACHADO
      vai lançar a sua 4a bomba dêste ano em
      CASABLANCA
      "ACONTECE QUE EU SOU BAIANO"
      Dorival Caymmi, Angela Maria, Quitandinha Serenaders, Theresa Austregésilo, Paulo Maurício, Anilsa Icony, Edmundo Carijó, Lord Chevalier, Vierinha, Antonio Maria, Paulo Soledade, Britinho e os Berimbaos e Capoeiras da Bahia.
      estréia sábado dia 21 de setembro

    • Jornal Ultima Hora 10 de Setembro 1953

      ATRASO
      Os "birimbaus" e os "capoeiras" contratadas pelo Machado para o próximo "show" do Casablanca, "Acontece que sou baiano", e que deveriam ter chegado no dia 1o, somente hoje chegarão ao Rio. Devem descer no aeroporto Santos Dumont, às 2.30 horas, pelo avião do "Lóide-Aéreo".

    • Jornal Ultima Hora 19 de Setembro de 1953

      ANILZA, A SEREIA ADORMECIDA - A jovem e bela Anilza Leoni, é uma das principais figuras do novo "show" do Casablanca, "Acontece que sou baiano", que foi estreado ontem numa festa de gala em beneficio da Santa Casa. Em "Acontece que sou baiano", cujo elenco é comandado pelo Dorival Caymmi (tôdas as músicas do espetáculo são suas), Angela Maria e Terezinha Austregésilo, Anilza, com o seu rostinho bonito e o seu magnífico corpo, aparece em muitos quadros e veste bonitas fantasias, como esta "sereia" fotos da "Rondas da Meia Noite", na 7a página dêste caderno).

    • Jornal Ultima Hora 29 de Setembro de 1953

    • Jornal Ultima Hora 29 de Setembro de 1953

      "Acontece Que eu Sou Baiano"

      Depois de muitos cortes e alterações, o espetáculo do Casablanca engrenou definitivamente, já que desde a estréia, naquela "avant-première" em benefício da Santa Casa, o produtor e empresário da "boite" da Praia Vermelha vinha trabalhando nos retoques finais de "Acontece que eu sou baiano".

      De qualquer maneira, mesmo com os defeitos inicias e os que foram conservados, o "show" sempre nos agradou, de um modo geral. Evidentemente, há certas falhas no espetáculo; o "show" carece de maior vivacidade e de uma boa dose de humorismo, e o poeta Castro Alves, uma das glórias excelsas da poesia brasileira, está sobrando na homenagem, a outra poeta menos excelso, porém mais musical, Caymmi.

      Mas, como é bonito e envolvente, êste "Acontece que eu sou baiano", quanta poesia na música e nas letras do Caymmi, música e palavras que nos falam da própria alma da extraordinária e maravilhosa Bahia, terra de gente boa, de candomblés, de vatapás e de acarajés, de capoeiras e de berimbaus, de água de côco, de Amaralina e de Itapoã, de Agua dos Meninos e de Maria de São Pedro.

      Antônio Maria, no seu texto bem escrito, e Caymmi, com a sua música dolente e dengosa, nos falam de tudo isso... E nos falam bem, com emoção e amor, um porque ama a Bahia e da Bahia fêz a sua pátria um dia, outro, porque é a própria Bahia.

      Quanto à montagem de "Acontece que eu sou baiano", tudo foi feito dentro dos moldes dos espetáculos de Carlos Machado - grandes atrações atrísticas. Caymmi (bem), Angela Maria (cantando casa vez melhor, mas aparecendo pouco) e Terezinha Autregésilo (falando muito e muito rápido), guarda-roupa de muito bom-gôsto e mulheres bonitas.

      Convém ressaltar a iniciatica do produtor do Casablanca e do Monte Carlo em trazer ao Rio, para o "show", dois "capoeiras" e dois "berimbaus" da velha Bahia, responsáveis por um dos mais deliciosos momentos do espetáculo. - L.A.B.

    • Jornal Ultima Hora 6 de Outubro de 1953

    • Jornal Ultima Hora 28 de Outubro de 1953

    • Jornal Ultima Hora 28 de Outubro de 1953

      CASABLANCA

      [..] "ACONTECE QUE EU SOU BAIANO" (script de Antonio Maria) - apresentando: DORIVAL CAYMMI, ANGELA MARIA, TEREZA AUSTREGESILO, QUITANDINHA SERENADERS, PAULO MAURICIO, ANILZA LEONY, EDMUNDO CARIJO', LORD CHEVALIER, os autenticos CAPOEIRAS e BERIMBAUS da Bahia e mais de vinte atristas.

      [..]

    • Reinaldo Dias Leme, Antônio Maria, Araci de Almeida e Dorival Caymmi, boate Casablanca, 1953

    • Casablanca, 1952

      Acervo de http://www.jobim.org/caymmi

    • Caymmi, Angela Maria e Carlos Machado no Casablanca

      Caymmi, Angela Maria e Carlos Machado em cena no espetáculo "Acontece que eu sou baiano". A peça, de Dorival Caymmi, Paulo Soledade e Antonio Maria, foi realizada na Boate Casablanca na Urca, no Rio de Janeiro, em 1953

      Acervo de http://www.jobim.org/caymmi

    • Dorival Caymmi entre o elenco de "Acontece que eu sou baiano"

      Dorival Caymmi com o elenco de "Acontece que eu sou baiano", peça realizada no teatro Casablanca na Urca, em 1953. Da esquerda para direita: Claude Bernie (Claudio Mirante), Dorival CAymmi, Paulo Gracindo, Dalva de Oliveira, seu namorado e pessoas não identificadas.

      Acervo de http://www.jobim.org/caymmi

    «Acontece que eu sou baiano», 1953


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