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Gildo Lemos Couto
Mestre Gildo Alfinete
16/jan/1940 - 12/out/2015
O ABC de M Gildo Alfinete
1940 - Nasceu no 16 de janeiro no bairro de Tororó em Salvador.
1959 - Iniciou na capoeira Angola no Pelourinho 19 com M Pastinha.
1963 - Recebeu o diploma de capoeirista de M Pastinha.
1966 - Viajou ao I Festival das Artes Negras em Dakar, Senegal, junto com M Pastinha, M Camafeu de Oxossi, M Gato Preto, M João Grande e M Roberto Satanás.
1968 - Foi idealizador do Grupo Folclórico Ganga Zumba.
1993 - No 18 de julho participou da refundação da ABCA.
2015 - Faleceu no 12 de outubro em Salvador.
M Gildo Alfinete numa roda, 2010
Galeria de fotos
O texto
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página
-Angoleiro, sim senhor!
Universo Capoeira, 1999?
Fátima ElyoteMestre Gildo Alfinete fala da sua paixão pela Capoeira Angola e da convivência com Mestre Pastinha
[foto: Mestres Gato, Gildo Alfinete e Boca Rica]
Discípulo de Mestre Pastinha, Gildo Lemos Couto (Mestre Gildo Alfinete) vem ensinando a arte da Capoeira Angola há 40 anos em Salvador, na Bahia. Nascido em 16 de janeiro de 1940, entrou para a capoeira por intermédio do amigo Dr. Comenerio porque "precisava aprender uma defesa pessoal", diz o mestre, que completa: "Quando menino, entre 13 e 15 anos, comecei a ver a figura do berimbau enfeitado, o pessoal das Docas jogando e aquilo me encantava, me deixava feliz". Depois que o amigo o levou à academia de Mestre Pastinha, em 1959, ele não parou mais. "Daí vim sempre lutando pelo CECA (Centro Esportivo de Capoeira Angola). Nesta época, Bimba já tinha seu espaço no Terreiro, Pelourinho, e Pastinha no Largo do Pelourinho".
Dos treinos com Mestre Pastinha ficou a filosofia que até hoje Mestre Gildo faz questão de passar adiante. "Nos treinos ele dizia sempre que o principal era a ginga, se você não tivesse boa ginga e malícia, você não seria um bom capoeirista, o resto você aprendia na roda. Tenho muito orgulho de ter sido aluno de Mestre Pastinha, tudo que sou na capoeira hoje devo a ele e o que faço pela capoeira é a retribuição do que ele fez comigo."
Mas sua entrada nesta arte não foi tranquila. "Meu pai não aprovou. Sofri muita discriminação, porém superei. No meu tempo eram várias opiniões e ainda hoje a capoeira continua sendo marginalizada", adverte. Mas está contente. "A capoeira está globalizada e estou feliz por esta condição de estar inserido na história da Capoeira Angola."
Hoje em dia Mestre Gildo Alfinete está afastado das rodas, "devido ao casamento e aos atritos com dona Nice", explica, mas não da sua divulgação. "Ela precisa ser mais procurada pela imprensa, principalmente a baiana. Mas está crescendo aos poucos", diz, com a experiência de quem se formou ao lado de Valdomiro, Albertino da Hora, Natividade, João Grande, João Pequeno, Getúlio, Maurício (Vermelho da Moenda), Roberto Satanás, Genésio Meio Quilo, Genário, Gil Rui, Gaguinho, Bibico e Firmino. Depois vieram Fernando da Petrobrás, Ângelo Romano, Raimundo Cobrinha, Papo Amarelo, Boca Rica e o cantor e compositor Tom Zé.
Para Mestre Gildo Alfinete, a Capoeira Angola é um jogo solto, com malícia, jogo baixo, e isto a torna bonita, passando para o público a beleza da sua arte e de sua cultura. "Meu coração só está voltado para ela. Tive e tenho vários amigos na Regional, cada um respeitando o seu estilo. Porém, a Capoeira Angola me conquistou."
Atualmente, Mestre Gildo Alfinete faz parte da ABCA - Associação Brasileira de Capoeira Angola, fundada em 1993, em Salvador. A entidade é responsável pela criação do 1o Museu de Capoeira Angola do mundo e um banco de dados e documentação, promovendo seminários, simpósios e eventos, desenvolvendo processo educacional junto às crianças carentes, criando um centro de atendimento médico e odontológico para os associados e seus dependentes. "Não jogo nada fora. Neste museu tem fotos que são verdadeiras relíquias e que, por si só, contam a história da capoeira", conta o Mestre.
A convivência com Mestre Pastinha e a entrada na Capoeira Angola são tesouros que Mestre Gildo Alfinete faz questão de cultivar diariamente. "Depois de minha família, a Capoeira Angola significa a minha sabedoria, minha liberdade, meu dia-a-dia."